Entrevista exclusiva deputada Vanessa Damo



Vanessa: ‘Donisete tem sido o pior prefeito do ABC’


Confirmada como candidata à reeleição para a Assembleia Legislativa, a deputada Vanessa Damo (PMDB) desponta como principal nome do partido na região para atuar em nível estadual. Ainda articulando os primeiros passos da campanha, Vanessa tenta espantar o fantasma da inelegibilidade.
A deputada é acusada de ser responsável pela distribuição de material relacionando a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, ao então candidato a prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), contra quem ainda faz duras críticas pela gestão da cidade.
A peemedebista, que recorreu da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vê posicionamento favorável da Justiça nas atuais instâncias do processo, e aponta a homologação de sua candidatura como maior sinal de que nada vai atrapalhar sua campanha este ano. Confira entrevista exclusiva de Vanessa ao Diário Regional.
Como está sua expectativa, agora, perto do início da campanha? Qual serão os primeiros passos?
Minha candidatura foi homologada no dia 14 de junho. Agora venho para a reeleição, a fim de estender meu trabalho na região do ABC e no Estado todo. Ainda não estamos nos movimentando, porque não é o momento. O que estamos fazendo é a prestação de contas do mandato. Faço isso desde que era vereadora. Então, agora, estamos finalizando. Levamos à população o que foi feito, quais foram as conquistas. Fizemos pelo menos umas 40 plenárias em todo o Estado só este ano.
Como está a situação quanto ao processo que a senhora enfrenta na Justiça Eleitoral?
Acredito muito na Justiça, a partir do momento que temos um trabalho efetivo com a população e que essa questão estou deixando para acompanhamento dos advogados. Confio muito na justiça. Não temos o que temer. Sou muito transparente com a população. É algo que se resolverá na esfera jurídica e, na questão política, continuamos com o nosso trabalho. Não é algo que tenha me preocupado. A homologação da minha candidatura é um fortalecimento disso. É uma confirmação da nossa luta.
Muitos apoios começam a ser costurados. Como a senhora tem trabalhado isso? Já acertou apoio com quais nomes?
Tivemos na convenção do PMDB a confirmação da nossa candidatura própria ao governo estadual, que é o Paulo Skaf. Temos grandes chances de vencer essa eleição,pois é uma pessoa que já foi testada à frente da Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo), do Sesi/Senai e teve ótimos resultados. Isso nos dá um panorama positivo, o partido está muito fortalecido.
Teremos muitos candidatos estaduais e federais em São Paulo. Em São Bernardo temos uma afinidade grande com o vereador Gilberto França (PMDB), candidato a deputado federal. Em Diadema temos a Cida Ferreira (PMDB), vereadora também candidata a deputada federal, que juntamente comigo faz parte do PMDB Mulher. Temos, ainda, o Frank Aguiar (vice-prefeito de São Bernardo) para federal. Até mesmo com os outros candidatos a estadual o entendimento é bom dentro do partido.
Como a senhora se relaciona com os outros candidatos da região?
A relação é muito boa. Para a nossa região, populosa como é, economicamente ativa, quanto mais representante tivermos é excelente. São mais vozes reivindicando pela população. Só não vejo com bons olhos candidaturas lançadas somente para ensaio político, ou quando a visão coletiva não é o principal cerne daquela candidatura. Porém, acho que grande parte das candidaturas daqui não tem esse perfil. Acredito que são pessoas que querem realmente estar à disposição da população.
A senhora acha que esta eleição será diferente da anterior como? Como lida com a nova classe média brasileira?
O eleitor está mais criterioso e isso é maravilhoso, principalmente para quem quer fazer um trabalho efetivo na política. Acho que é uma oportunidade de termos escolhas bem mais sensatas em relação aos representantes. Só espero que as pessoas não desistam de acompanhar a política e de participar dela. Acho que a relação entre as pessoas políticas e a população deve ser mudada. Agora não temos mais uma relação vertical. Hoje o que horizontalizou essa relação foram as redes sociais. Recebo muitas reivindicações pelas redes e por meio delas as pessoas podem não só ver meu trabalho como deputada, como meu lado humano, de mãe. Acho muito importante. É só ter bom senso no que compartilhar. É uma forma de aproximação. As pessoas se sentem mais à vontade assim.
Como a senhora vê as manifestações que ocorrem desde o ano passado?
No momento em que há muitas lacunas a serem preenchidas, na saúde, na educação, nada mais justo que quem está cobrando melhorias vá às ruas. Só não acho favorável os atos de violência e depredação, que muitas vezes são incitados por grupos isolados. A reivindicação é legítima e importante. Quando era vereadora fizemos muitas passeatas pela transparência na política. É algo que nós, representantes populares, temos de estar “antenados”, para dar as respostas às perguntas feitas pela população.
Qual o balanço que a senhora faz do mandato como deputada e da relação com os colegas na Assembleia?
Meu relacionamento com os colegas é muito cordial. Na minha gestão fomos muito atuantes na questão dos direitos do consumidor. Desde 2009 temos uma lei que diz que as empresas fornecedoras de produtos devem marcar data e turno em que farão as entregas. Quem fiscaliza essa lei é o Procon e autua as empresas que não cumprem. Neste mandato tivemos o aprimoramento dessa lei, colocando que as empresas não podem fazer cobranças a mais por esse serviço. Conseguimos também fazer com que a lei possa ser aplicada á empresas fora do Estado, mas que fazem entregas em São Paulo.
O Poupatempo fixo em Mauá e em Santo André foi outra vitória histórica; é uma luta antiga que temos. Na questão da saúde tivemos aporte grande do Estado no Hospital Nardini e na construção de AMES (Ambulatório Médico de Especialidades) na região, que são laboratórios médicos importantíssimos. IML (Instituto Médico Legal) também, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires dependem do IML de Santo André, que está sobrecarregado. Hoje temos o compromisso do governo estadual para fazer um IML na cidade de Mauá. Outra luta antiga.
O Rodoanel trecho leste também era uma grande reivindicação local, para que tivesse a alça de acesso, e conseguimos incluir no projeto. Toda a população de Ribeirão Pires e Suzano terá acesso. A nossa luta mais recente é a instalação da Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) das áreas contaminadas.
Como está o funcionamento da CPI? Inclui casos no ABC?
Os focos principais são os casos do Barão de Mauá (divisa de Santo André com Mauá), o da avenida Zaki Narchi (São Paulo), da área da USP Leste e do Shopping Center Norte, também na Capital. O caso do Barão de Mauá espera resposta há 14 anos. As pessoas ainda esperam indenização da empresa poluidora para que possam sair do terreno e comprar outro imóvel, ir para um lugar seguro. O nosso objetivo é pressionar essas empresas para que paguem as indenizações. É convocar os representantes para prestar esclarecimentos.
Queremos que a Justiça também tenha prazos mais dinâmicos para contemplar as famílias. O principal é mesmo é salvar vidas. Porque quando se tem um terreno com mais de 44 substâncias tóxicas e cancerígenas e mais de 6 mil famílias vivendo lá dentro, muitos prédios estão em estado crítico, isso coloca em risco a vida de muitas pessoas.
O grau de contaminação difere em partes do terreno, mas nas partes mais atingidas, com estado mais crítico, as pessoas precisam rapidamente de um respaldo jurídico. Só podem ter a regularização, para que possam vender ou pegar empréstimo, se houver essa desocupação. Isso depende de decisão da Justiça. É um dos casos mais graves de contaminação no país, e 14 anos é tempo demais para quem está nessa situação. No total, no Estado de São Paulo, são 4.500 áreas contaminadas.
Qual a sua avaliação do mandato do atual prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT)? Como avalia as questões polêmicas do governo, como a dos transportes?
Tem sido o pior prefeito do ABC na avaliação de uma pesquisa. Nós, a população de Mauá, temos sentido isso na prática. O sistema de transporte está muito ruim, é caro, ineficaz. São ônibus velhos, sucatas ambulantes e que foram disponibilizados para a população por meio da Susantur. Quando há monopólio a população sai perdendo, não há opções e se paga caro por isso. Recentemente tirou uma empresa que era bem avaliada pela população, que era a Leblon. O que realiza tem deixado muito a desejar. São muitas promessas que faz. Temos de abrir para mais empresas participarem dos editais, a fim de que a população tenha opções. Tinha de ampliar o número de linhas. Ônibus em Mauá ainda demora demais, e melhorar a qualidade.
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